quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Interpretação do Hino Nacional



Em tempos de pré-Copa do Mundo, o Hino Nacional vira hit -- todo mundo quer cantar, mas a maioria só enrola... mesmo porque a letra usa e abusa das inversões morfológicas, botando os predicados-carroças na frente dos bois-sujeitos, sem mencionar os adjetivos já fora de uso.
Aproveitando o ensejo, resolvi elaborar um pequeno exercício de interpretação do texto do nosso glorioso Hino, para ver quantos de vós, ilustrados leitores, estão em dia com o nosso lusitano idioma de trás-antônti...

Ouviram do Ipiranga às margens plácidas
De um povo heróico brado retumbante

a) Um caboco de nome Ipiranga, assentado na beira do córgo, ouviu um povo arretado bradar uns cum os outro.
b) Um cabra de nome Ipiranga ouviu as marge do ribeiro despencá -- plá! -- e os povo, assustado, garrou a bradar!
c) Um home de nome Ipiranga falou "as marge prácida", mas eu num sei o quê que isso qué dizer, não sinhô...

E o sol da liberdade em raios fúlgidos
Brilhou no céu da pátria nesse instante

a) Tava uma soleira arretada, mas deu um truvão de repente que chega a briá no mundo tudinho!
b) O sol tava quereno ser livre e solto e, entonse, quis fugir e, no que ia fugino, briou no céu tudinho!
c) Eu sei que o sol briou no céu nesse instantinho, mas o resto eu num sei, não sinhô...

Se o penhor desta igualdade
conseguimos conquistar com braço forte

a) Punharo a iguardade no prego e, adispois, rependido, foi lá tumá de volta na marra.
b) Os home butaro no prego uma iguardade que eles tinha tumado de alguém na porrada.
c) Tá falano aí de prego da caxa e de braço parrudo, o resto eu num sei, não sinhô...

Em teu seio, ó liberdade!
Desafia o nosso peito a própria morte

a) O caboco tá solto e atrivido nos peito da muié e nem num tem medo do marido dela, que pode chegá e querê tumá sastifação e inté dá uns pitoco nos peito dele!
b) O cabra tá dizeno que, pelos peito da quenga, ele inté desafia a morte!
c) Falô aí de peito e de morte e de liberdade; parece putaria; o resto eu num sei, não sinhô...

Ó Pátria amada, idolatrada, salve, salve!

a) Tá pidino pra sarvá a pátria que ele gosta dum tantão assim!
b) Tá pidino pra pátria, que ele ama à ufa, sarvá ele.
c) Tá pidino socorro pruma quenga de nome Pátria.

Brasil de um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce

a) O caboco tava sonhano quando caiu um raio, entonse ele, pesar de cheio de amor e de esperança, baxô pra cova...
b) O cabra sonhô que um truvão desabestado caiu na terra e matô o amor e a esperança...
c) Eu atinei cum o Brasil, cum o rai, cum o amô e a isperança e cum a terra, mas o quê que isso tudo qué dizê eu num sei, não sinhô...

Em teu formoso céu risonho e límpido
A imagem do Cruzeiro resplandece

a) Tinha um cruzeiro grande, desses da sumana santa, erguido prum céu retado de fromoso.
b) Um cabra jogou pro alto um cruzero, que é o dinhero antigo, e ficô lá rino, esperano um trôxa ir lá pegá...
c) Tem lá um céu fromoso que ri (cumé que pode um trem desse, sô?) e um reau dos antigo, o resto eu num sei, não sinhô...

Gigante pela própria natureza
És belo, és forte, impávido colosso,

a) O caboco vivia solto nos mato, aí ficô tão grande e parrudo que virô gigante; o resto é boiolage e eu nem num quero sabê!
b) A minha religião num premite falá dissaí, não.
c) Íxe, óia a putaria aí de novo, sô! Que farta de poca-vergonha!

Se teu futuro espelha esta grandeza
Terra adorada, entre outras mil
És tu, Brasil, ó Pátria amada

a) Tá dizeno que a terra do Brasil é vaidosa, num pode vê um espêi que já vai lá se inzibí...
b) Tá esperano um espêio maió pra adispois, prumode vê o mundão de terra do Brasil...
c) Continua a putaria, sô!

Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada Brasil

a) Os fíi da mãe dessa terra é tudo gentil!
b) Os fíi da mãe dessa terra é tudo boiola!
c) Vão pará c'a putaria aí, sô?!

Deitado eternamente em berço esplêndido
Ao som do mar, à luz do céu profundo

a) O caboco fica derreado na cama o dia e a noite tudinha, só ouvino o barúio do mar e nem num simporta c'a luz do sol na cara dele!...
b) O cabra priguiçoso fica só deitadim no berço do fíi dele, ouvino as onda do mar e oiano pro céu o dia tudinho!...
c) Bão, pelo meno parece que o caboco tá deitado suzinho, né? Intonse cabô a putaria...

Fulguras, ó Brasil, florão da América
Iluminado ao sol do novo mundo

a) Tá dizeno que o Brasil é o maió frozinha das América e que bria dum tanto que ilumina o céu do mundo novo tudinho!
b) Tá duvidano da masculinidade do Brasil, sô!
c) Pronto, evêm a putaria de novo!

Do que a terra mais garrida
Teus risonhos lindos campos têm mais flores

a) Tá dizeno que o Brasil é mais frozinha do que as terra mais boiola que tem no mundo!
b) Continua duvidano da masculinidade do Brasil, sô!
c) Se eu sabia que era tanta indecência, nem num começava essa merda!

Nossos bosques têm mais vida
Nossa vida no teu seio mais amores

a) Diz aí que nos nosso mato tem mais bicho, mais pranta verdinha, e que nóis leva a vida nos peito da muié...
b) Diz que nossas floresta é cheia de bicho e de pranta, por isso que nóis veve infurnado nos peito da muiezada...
c) Credo cruz, vadirreto, fiducão!

Ó Pátria amada, idolatrada, salve, salve!

a) Tá de novo pidino pra sarvá a pátria.
b) Tá pidino de novo pra pátria sarvá ele.
c) Tá pidino socorro de novo p'a quenga. E eu tumém...


Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,

a) Tá dizeno aí que o Brasil deve de se afeiçuá pra todo o sempre do símbalo dum trem que eu num tendi quê que é, não.
b) Ói... eu atinei com o Brasil, o amor eterno e o estrelado... o resto parece ingrêis da frância.
c) É... Brasil de amô num sei que lá... sei não, mas tá pareceno putaria ainda...

E diga o verde-louro desta flâmula
-- paz no futuro e glória no passado

a) É pr'um papagai dizê que amanhã é de paz e ônti foi de grória.
b) Um papagai só pode dizê paz no futuro e grória, no passado.
c) Cuma é que um verde pó sê loro??? O é loro, o é verde!

Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

a) Tá dizeno que os fíi dos caboco daqui num tem medo da dona justa, não, e num foge da raia na hora de distribuí uns cascudão e umas bifa no pé d'orêia.
b) Tá dizeno que, pesar dos ômi da lei sê tudo durão, os fíi da terra não só num foge, cuma num tem medo nem de morrê, que inté acha que é bão morrê!
c) O fíi de arguém aí num tem medo da puliça e nem da morte, nhalinhais, inté é afeiçuadim mais ela. Deve de sê desses degenerado que adora o coisa ruim.

Terra adorada, entre outras mil
És tu, Brasil, ó Pátria amada

a) O caboco tá dizeno pra Pátria, namorada dele, que gosta demais da conta da terra do Brasil!
b) O cabra deve de tá com bicha no bucho, pruque ele gosta de comê terra, mas só si fô terra do Brasil.
c) Continua a putaria, sô!

Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada Brasil

a) Os fíi da mãe dessa terra é tudo gentil!
b) Os fíi da mãe dessa terra é tudo boiola!
c) Agora retei di vêis! Engole e digere o que disse, seu coisa ruim!


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