sexta-feira, 31 de julho de 2009

Falta emprego ou falta mão de obra?



Um dia destes vi no noticiário da TV uma reportagem muito interessante, que verificava que no Sine-DF havia mais de duas mil vagas só pra bombeiro-encanador e eletricista (emprego mesmo, com carteira e o escambau), as quais estavam lá mofando há meeeses...
Então o repórter abriu os classificados na seção de oferta de serviços e achou montanhas de anúncios de bombeiros e de eletricistas. Ora, todos nós já vivemos tempo suficiente pra saber que, destes, talvez uns dois ou três façam um serviço razoável, o resto se diplomou na escola do Armengue* e Cia. e por isso não quer ter patrão, nem responsabilidade.

Foram ver em hotelaria -- montes de vagas! Cadê mão de obra qualificada?
Comércio, indústria, prestação de serviços, tudo tem vaga, só não tem mão de obra qualificada suficiente ou interessada.

Aí mostraram o trabalho do Sesi e do Sesc, do SENAI e do SENAC, as várias escolas técnicas que, quando não são gratuitas, cobram taxas razoáveis, e que formam tão bem levas e levas de mão de obra decente. O problema é que há poucas escolas pra muitos desqualificados.
Então, deste fato só posso concluir que o que falta não é emprego, mas sim mão de obra adequada.

Por que tanta insistência em se criar faculdades vagabundas e em se abrir as públicas pra gente sem o devido preparo -- inclusive avacalhando com os currículos para se adaptarem ao despreparo dos estudantes --, quando se traria muito mais benefício a todos se se criassem muitas Escolas Técnicas (e que tais) Públicas, pra se qualificar os desqualificados? Levar um analfa sem cultura pro ensino superior é pretender queimar etapas de modo brutal e inútil. A desculpa do salário futuro não cola, parece coisa de Gérson-vou-me-dar-bem-a-qualquer-custo.

Tenho um exemplo disto que é bem ilustrativo. Quando entrei na UnB, via vestibular, na mesma leva entrou, via janela, uma típica loura burra, filha de um ministro milico daqueles da ditadura, loura esta que era a desinformada, deseducada e desinstruída padrão. Pois ela já embatucou no básico, ficou dois anos tentando fazer, sem sucesso, Português I, Introdução à Sociologia, Introdução à Metodologia Científica etc. e depois desistiu, porque finalmente reconheceu que não tinha a menor condição de estar onde estava, ocupando a vaga de outro menos analfa e mais interessado e, provavelmente, muito mais merecedor do que ela...

Daí que os critérios para admissão não deveriam ser baseados em raça, nível sócio-econômico ou o que for, mas sim na justa verificação do grau de aptidão do candidato, do jeito que todos nós entramos lá. Pros menos aptos, sempre restariam as outras escolas públicas, se as houvesse em número maior e de melhor qualidade, sejam técnicas, sejam profissionalizantes ou a boa e singela escola e pronto. Senão, daqui a pouco aqui no Brasil teremos milhões de "doutores" semianalfas (a maioria desempregada), uma meia dúzia de doutores (e demais graduados) de verdade formados lá fora (e alguns poucos heróis cá dentro), e nenhum operário ou técnico que se preze. Deus me livre e guarde!

* Armengue = empulhação, embromação, serviço mal feito em baianês.

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